População sofre com as greves...


Publicação: 24 de Maio de 2011 às 00:00

Greve. Com certeza essa foi a palavra mais pronunciada ontem pela população natalense. Mesmo os que não precisam com constância de serviços prestados por algumas categorias estaduais que já estão com atividades paralisadas (como professores, polícia civil, Detran e Tributação), ontem sofreram algum transtorno com o início da greve dos motoristas e cobradores de ônibus de Natal. E mesmo quem não precisa de transporte público, teve que ter paciência com a lentidão do trânsito, que recebeu bem mais veículos que em dias normais.

Adriano AbreuOntem, os poucos ônibus circulavam totalmente lotados na capitalOntem, os poucos ônibus circulavam totalmente lotados na capital
E não houve quem não tenha pensado por alguns instantes: “eles (grevistas e patrões/Estado) brigam e eu (população) sou atingida!”

O pior é saber que hoje começa tudo novamente. Os ônibus continuam parados; não há professores nas escolas estaduais; os policiais civis estão de braços cruzados; a exemplo dos funcionários do Detran e dos técnicos da Secretária de Tributação. São centenas de trabalhadores e servidores parados e um motivo em comum: desvalorização.

Na situação na qual se encontra o Rio Grande do Norte neste momento não se pode afirmar qual é o mais ou menos importante serviço que deveria ser retomado com urgência.

Segurança

Para a população, além da insegurança gerada pela greve dos policiais civis – responsáveis pelo registro de boletins de ocorrência e investigação de crimes – a dificuldade em reportar um ato de violência ou um assassinato, se tornou mais complexa. Somente as diligências de flagrante delito estão sendo realizadas nas delegacias de plantão cujo efetivo de policiais civis foi reduzido a 30%. Quem precisa fazer um boletim de ocorrência, tem que se dirigir ao Quartel da Polícia Militar, na Avenida Rodrigues Alves, onde foi montada provisoriamente a Delegacia do Cidadão.

O atendimento é lento e exames de corpo de delito estão acumulados. Vítima de agressão no trânsito, o empresário Jorimar Lima de Sousa, perdeu quase todo o dia de ontem para registrar a ocorrência. Devido à paralisação, ele precisou se deslocar de Parnamirim para Tirol e reclamava do descaso do Governo do Estado em relação à segurança pública. Com hematomas espalhados pelo corpo e indignado pelo motivo torpe da agressão, ele afirmava: “A segurança pública não está funcionando”.

Detran

Na sede do Detran, na Cidade da Esperança, a greve dos ônibus e a chuva impediram que o movimento fosse intenso na manhã de ontem. Os serviços na maioria dos setores estavam sendo realizados pelos funcionários cedidos de outras secretarias estaduais e pelos estagiários, cujo quantitativo não ultrapassa de 60 estudantes. No Setor de Atendimento de Veículos - onde são entregues documentos de licenciamento e onde é feito o atendimento ao usuário – dois estagiários e uma servidora cedida, realizavam os procedimentos na manhã de ontem. No Setor de Habilitações, o serviço de digitalização e impressão de carteiras de motorista, que é terceirizado, era realizado normalmente. Os funcionários do Setor de Auditoria Externa e de Transferência de Veículos não haviam comparecido ao local de trabalho ontem. Nestes setores, são realizadas a alteração de endereço e comunicado de venda de veículos. Quem necessita utilizar estes serviços, precisará aguardar o final da paralisação.

#SAIBAMAIS#
Educação

Com cerca de 93% do quadro de professores paralisados, o movimento grevista da educação estadual é o mais longo desta paralisação que atinge outros setores do Governo. A diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte RN), Fátima Cardoso, afirmou que o Executivo Estadual silenciou. “Eles se calaram. Silêncio total. A greve, porém, vai continuar e vamos insistir em vista da equiparação dos nossos salários com vencimentos de outras categorias”, defendeu.

Tributação

Na 1º Unidade Regional de Tributação (URT), em Natal, somente 20% do efetivo de burocratas – funcionários que fazem ao atendimento ao contribuinte e apoio – estavam trabalhando ontem pela manhã. A preocupação do diretor da Unidade, Uberto da Fonseca e Silva Filho, é a respeito da quantidade de mercadorias que poderão ficar retidas nos depósitos das transportadoras como consequência do volume de notas fiscais acumuladas na URT. “A melhor saída para quem depende dos serviços da SET é recorrer ao site da instituição”, sugeriu Uberto.

E deve piorar:

Além dos atendimentos nas delegacias, suspensão das aulas, paralisação do Detran e Secretaria Estadual de Tributação, a partir de hoje, os serviços prestados através das Centrais do Cidadão, também sofrerão redução. Além disso, os médicos lotados na Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) reafirmaram que o indicativo de greve a partir de 1º de maio está mantido. Amanhã, entidades da administração indireta realizam manifestação ao lado do Machadinho, e prometem entrar em greve se não receberem proposta do Governo do Estado. Os policiais militares enviaram uma nota ao Governo Estadual, na tarde de ontem, na qual solicitam o cumprimento de três pontos reivindicados pela categoria. As reivindicações são as seguintes: aprovação do novo Estatuto dos Militares Estaduais, a criação do Código de Ética e do subsídio financeiro.

Posição do governo

A assessoria de imprensa do Governo Estadual reiterou que o posicionamento defendido pelo secretário chefe do Gabinete Civil Estadual, Paulo de Tasso Fernandes, desde que as greves se iniciaram permanece inalterado. O Executivo Estadual só negociará com os servidores quando as paralisações acabarem e o serviço for retomado em todos os setores.

Bate-papo

» Nastagnan Batista
presidente do Sintro

“Praticamente não existe greve em Natal”

O diretor de comunicação da Seturn, Augusto Maranhão, declarou que entrará na justiça pedindo o aumento da frota emergencial para 50% durante o período de greve. Qual o posicionamento do sindicato sobre essa decisão?

Praticamente não existe greve em Natal. Os 30% da frota exigidos por lei estão garantidos e até um pouco mais do que isso está rodando. Além disso, poderíamos ter tirado os transportes alternativos, mas não fizemos para melhorar a vida da população.

A classe patronal reforça a ideia de que o sindicato deflagrou a greve mesmo havendo uma proposta apenas 1% menor do que o pedido do sindicato. Somente o salário está pendente na negociação?

A Delegacia Regional do Trabalho chegou ao valor de 6,5% e baixamos o que queríamos para 7,5% de reajuste salarial. Mas não é só isso. Um ponto importante é a questão dos vales-alimentação. Brigamos pela unificação do valor pago para motoristas e cobradores. Os patrões querem dar reajustes diferenciados para os trabalhadores. Se você tirar um raio-x da barriga dos motoristas e cobradores, o estômago vai ser o mesmo. Essa é uma luta nossa.

*Os motoristas recebem R$ 140 por mês de vales-alimentação, enquanto os cobradores recebem R$ 94. Patrões ofereceram um aumento de 7,5% para as duas classes, mas o sindicato quer que o valor dos vales passe a ser unificado tanto para cobrador quanto para motorista. Assim, seriam R$ 150 para cada.
Postagem Anterior Próxima Postagem