Ministério Público coíbe shows no Beco da Lama...


Publicação: 14 de Fevereiro de 2012 às 00:00

Tradicional reduto boêmio da Cidade Alta, o Beco da Lama volta a ser o centro das atenções com o polêmico e acalorado debate sobre a decisão da Promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público do RN em proibir, a partir do próximo dia 21 de fevereiro, qualquer evento musical na área. A sentença da promotora Rossana Sudário, ferrenha combatente da poluição sonora, está embasada em um abaixo assinado apresentado à Promotoria respaldado por moradores de 20 residências daquela área.
Tradicional reduto boêmio da Cidade Alta, Beco da Lama foi alvo de um abaixo-assinado de 20 moradores
O MP recomendou à Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) a não expedição de novas autorizações e o produtor Marcelo Veni, junto com Neide da Meladinha, proprietária do bar onde acontecem os eventos, assinaram Termo de Ajuste de Conduta se comprometendo a interromper a programação – com pena de multa de até R$ 10 mil por dia e pena de detenção de um a quatro anos. De acordo com o TAC, o Carnaval 2012 será o último evento a movimentar o Beco.

Veni, que vem realizando semanalmente shows de hip hop e reggae no local, acredita que faltou diálogo para se chegar a uma decisão equilibrada. “Pelo visto querem evitar qualquer movimento cultural no Beco da Lama e corremos o risco de ver aquela área se transformar em uma extensão da cracolândia que já existe ali na praça Padre João Maria”, acredita o produtor, para quem só o movimento é capaz de manter o problema do crack longe. Segundo ele, a denúncia foi feita por uma comerciante/moradora motivada por atritos pessoais com a proprietária do bar. “Não houve nenhuma negociação quanto ao horário, nem periodicidade, nem foi considerado o abaixo assinado de apoio que apresentamos.” Veni adiantou que irá procurar assistência jurídica após o Carnaval para recorrer da decisão.

A promotora alega que “aqui em Natal há a Cultura do barulho, do estacionar em fila dupla, onde as pessoas não se preocupam com o bem-estar do próximo. Tenho que respeitar a saúde e o bem-estar das pessoas, esse é meu trabalho”, verifica. “A Funcarte deveria preparar um local adequado para receber esse tipo de manifestação. Já imaginou ter que trabalhar no sábado, com filho pequeno, sem poder dormir direito?” Rossana ainda considera muito a realização de um evento por mês, e diz que o Carnaval 2013 “é uma conversa para o próximo ano”. Para ele “temos tradições que precisamos manter, outras modificar, até por que temos legislação específica para tratar do assunto.”

Postagem Anterior Próxima Postagem