Defesa quer evitar transferência de PMs para Alcaçuz...



Publicação: 20 de Abril de 2013 às 00:00

Rafael Barbosa e Leandro Cunha - repórteres

Wendel Fagner Cortez de Almeida e Rosivaldo Azevedo Maciel Fernandes, policiais reformados da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, foram presos na manhã de ontem sob a acusação de um homicídio ocorrido na zona rural da cidade de Afonso Bezerra em 23 março deste ano. A vítima é Jackson Michael da Silva Soares, 24, que foi assassinado com vários disparos de arma de fogo no assentamento Floresta I.
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Segundo a advogada Kátia Pinto, que assumiu a defesa dos dois, o juiz de Execuções Penais, Henrique Baltazar, determinou que Wendel e Rosivaldo fossem levados para a Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na Grande Natal. “No entanto, apesar de reformados, eles ainda são policiais e precisam ficar reclusos em uma unidade destinada a presos militares”, explicou.

 Kátia Pinto revelou que tentaria impedir a transferência para Alcaçuz, porém até as 19h30 de ontem os dois continuavam na Deicor. Até o fechamento desta edição, não havia definição sobre o local em que os dois vão cumprir a prisão temporária.

Os PMs reformados foram detidos no início da manhã de ontem por policiais da Divisão Especializada no Combate ao Crime Organizado (Deicor) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), no  cumprimento de um mandado de prisão temporária. Ambos foram levados à sede da Deicor, na Ribeira, onde permaneceram por quase dez horas prestando depoimento à delegada Sheila Freitas, titular da Divisão.

A delegada não quis falar com a imprensa, nem forneceu detalhes acerca das investigações, alegando que o caso permanece sob segredo de Justiça, apesar de os agentes da DP terem confirmado que ela daria entrevista após a oitiva.

Os policiais da Deicor também cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa de Wendel Fagner na tarde de ontem, no conjunto Gramoré, zona Norte de Natal. Lá, foram recolhidos quatro carregadores de bala, dos quais três estavam cheios, e um cartucho de espingarda calibre 12. Além disso, também foram apreendidos um colete à prova de balas, documentos, um computador e um tablet.  Os agentes permaneceram na frente da residência na rua Nova Gramada durante todo o dia, aguardando a permissão para a entrada.
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A mulher de Wendel estava no local e confirmou que, apesar de terem sido encontradas munições dentro do imóvel, seu companheiro não usa armas. “Ele não pode usar arma e faz tempo que ele não usa, tanto que não foi encontrada nenhuma aqui”, corroborou.

A advogada Kátia Nunes alegou que não há como eles terem cometido o homicídio. Segundo ela, existem provas que apontam para a inocência dos dois e que serão utilizadas para compor a defesa e livrá-los da acusação. “Há filmagens e registros fotográficos que mostram Wendel em uma festa de aniversário no dia em que ocorreu o homicídio”, afirmou a advogada. Kátia Pinto também disse que há imagens do circuito interno de câmeras da casa de Rosivaldo Azevedo em que ele aparece, também no dia em que aconteceu o assassinato.

Comandante da PM esperava prisões

A prisão dos dois  já era esperada, pelo menos, pelo comandante geral da PM no Rio Grande do Norte, coronel Francisco Canindé de Araújo Silva. Segundo o oficial, os policiais já vinham sendo monitorados por terem respondido a outros processos. “Não me recordo agora o que eles respondiam, mas sabia que esses policiais, mais cedo ou mais tarde, iam ser pegos pela força-tarefa”, disse coronel Araújo.

O comandante se referiu à força-tarefa montada pela Secretaria de Segurança e Defesa Social (Sesed) para a resolução dos crimes de execução no Estado, anunciada em 22 de março passado, um dia antes da morte de Jackson Michel. Esta ação visa combater também a atuação de grupos de extermínio no âmbito do RN. A força-tarefa conta com apoio do Bope e da inteligência da Polícia Civil, com cerca de 80 agentes envolvidos. Sua criação está diretamente ligada ao aumento do número de homicídios.

Sobre a existência de inquéritos que investigam outros policias atualmente, coronel Araújo, confirmou que “há sim mais casos desse tipo na PM”, mas disse que eles não têm, necessariamente, ligação com Wendel Fagner e Rosivaldo Azevedo. O coronel também confirmou que os dois são aposentados e inativos. “Eles continuavam sendo da PM, apesar de serem inativos. Não trabalhavam, mas recebiam”.

TRIBUNA DO NORTE
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