Em entrevista ao ‘Jornal de Hoje’, Comandante Geral da PM no RN se diz contra a diminuição da idade penal...

“Se reduzir a idade, vai chegar o momento de termos crianças de 10 anos em presídios”

Data: 08 junho 2013 - Hora: 16:38 - Por: Joaquim Pinheiro
Comandante geral da Polícia Militar, coronel Francisco Araújo Silva. Foto: José Aldenir
Comandante geral da Polícia Militar, coronel Francisco Araújo Silva. Foto: José Aldenir

O comandante geral da Polícia Militar, coronel Francisco Araújo, mostra-se otimista com o programa “Brasil Mais Seguro” de combate à criminalidade, lançado recentemente pela presidenta Dilma Rousseff. Ele esclarece que a iniciativa governamental fortalecerá as atividades de policiamento ostensivo, causando maior sensação de segurança e o fortalecimento nas atividades de repressão qualificada com melhoria nas investigações. Considerado um dos policiais mais qualificados dos quadros da Polícia Militar, coronel Araújo diz que dentro do mapa policial do Rio Grande do Norte, a Região Metropolitana de Natal é a considerada de maior incidência nos índices de violência por ter grande densidade populacional, deficiência de iluminação pública, falta de saneamento, habitação e existir grande desigualdade social. Coronel Araújo diz ser contra a diminuição da idade penal e da pena de morte. “Se reduzirmos a idade penal dos jovens vai chegar o momento de termos crianças de 8, 9, 10 anos dentro de presídios”, observa. Instado a dar uma nota para a atuação Polícia Militar, de 1 a 10, ele disse que merece 10. Segue a entrevista:

O JORNAL DE HOJE – Por que a criminalidade tem aumentado tanto nos últimos meses?
CORONEL ARAÚJO – Tem aumentado não só no Rio Grande do Norte como no País inteiro porque temos atualmente o mal do século que são as drogas, cujo consumo aumenta a cada dia, principalmente pelos jovens. E o crack é a pior delas, já que é uma droga mortal, pois debilita a saúde física e psíquica da pessoa. Temos que inibir a entrada da droga nas fronteiras, marítima e terrestre, já que a cocaína, por exemplo, é produzida na Colômbia e na Bolívia e transformada em crack. Assaltos, roubos e homicídios estão diretamente vinculados à droga.
JH – Os números da violência não param de crescer e os homicídios são cada vez mais bárbaros. Por quê?
CA – O consumo dessas substâncias, além da debilidade física, causa a debilidade psíquica, onde o ser humano que consome perde toda a noção de vida tornando-se mais agressivo e violento, chegando ao ponto de queimar outro ser humano. Também está vinculada a questão da impunidade, quando o cidadão comete o crime e tem a sensação que não vai ser responsabilizado.
JH – Por que aumenta tanto a participação de jovens em roubos, assaltos e mortes?
CA – Porque as penas para menores são brandas e ficam pouco tempo presos. Os maiores de idade usam adolescentes para práticas delituosas. Além disso, os jovens não têm acompanhamento da família, não têm escola de tempo integral para fazer com que ele fique o dia todo ocupado. Temos que ter no Brasil políticas públicas de segurança que envolvam a escola, a família, a religião. Se o jovem tiver ocupado, dificilmente irá delinquir.
JH – O senhor acredita que o programa Brasil Mais Seguro, do Governo Federal vai melhorar a segurança do cidadão?
CA – Não tenho dúvidas que vai ajudar o sistema de segurança pública do nosso Estado, já que fortalecerá áreas e setores onde temos deficiência.
JH – Qual será a participação do Governo do Estado para melhorar a segurança pública em parceria com o governo Dilma Rousseff?
CA – Será a articulação entre os órgãos que compõem o sistema de segurança pública comprometendo-se com as contrapartidas dentro de uma matriz de responsabilidade definida pelo Governo Federal.
JH – Qual sua posição com relação a diminuição da maioridade penal?
CA – Sou contra. Se formos reduzindo a idade penal dos jovens, vamos chegar ao momento de termos crianças de 8, 9, 10 anos dentro de presídios e certamente os delinqüentes adultos aliciando mais crianças. Devemos ter políticas públicas de segurança que garantam o acompanhamento e a formação dos jovens.

JH – E sobre a pena de morte?
CA – Também sou contra. Ela não irá resolver e não será uma forma de punir o criminoso. Seria tão selvagem quanto o crime que a pessoa praticou. Os princípios cristãos não permitem que alguém tire a vida de uma outra pessoa.
JH – Coronel, onde se verificam os mais altos índices de criminalidade no Estado?
CA – São verificados na Região Metropolitana devido a alta densidade populacional e ser um conglomerado urbano com deficiência de iluminação pública, falta de saneamento, habitação e muita desigualdade social. Além disso, é uma zona de influência de maior circulação de pessoas, bens e serviços.
JH – Existe integração entre as polícias, civil e militar para combate ao crime?
CA – Existe sim. Inclusive através de um trabalho de inteligência e atividades operacionais integradas com envolvimento das polícias, militar, civil, federal e rodoviária federal.
JH – A população reclama muito a ausência de policiais nas ruas de Natal. O senhor poderia explicar o motivo?
CA -  Devido a demanda de serviços no atendimento, as ocorrências solicitadas pela população que são muitas e ocorrem a todo instante.
JH – o senhor poderia dar uma nota à atuação da Polícia Militar de 1 a 10?
CA – Dentro das condições estruturais da instituição, os policiais militares merecem nota 10.
JH – A população pode esperar melhorias na segurança pública nos próximos dias?
CA – O programa Brasil Mais Seguro irá fortalecer as atividades de policiamento ostensivo causando, inclusive, maior sensação de segurança, bem como no fortalecimento nas atividades de repressão qualificada, ou seja, na melhoria das investigações. Esse programa aumentará a ostensividade e fortalecerá a repressão qualificada que é a investigação.

Jornal de Hoje
Postado por Nova Cruz Oficial
Postagem Anterior Próxima Postagem