Comerciante Expedito dos Santos diz que a Doblò dele foi usada no crime.
Ele concedeu entrevista exclusiva ao G1 nesta terça (4), no CDP de Pirangi.
Advogado Antônio Carlos foi morto a tiros em Natal
(Foto: Fred Carvalho)
O comerciante Expedito José dos Santos, de 47 anos, preso há seis dias
sob suspeita de ter participado da morte do advogado Antônio Carlos
Oliveira, assassinado no último dia 9 de maio, nega ter matado ou
mandado executar a vítima. Contudo, admite que o carro dele, uma Doblò,
foi usado no crime e que ele mesmo, ao fugir para o Ceará, tocou fogo no
veículo com medo de se complicar. "Meu erro foi ter fugido e ter
queimado o carro. Eu não sabia que meu carro seria usado em uma morte.
Só soube quando me devolveram o automóvel. Sou inocente", afirmou
Expedito em entrevista exclusiva ao G1, concedida nesta
terça-feira (4) no Centro de Detenção Provisória de Pirangi, na zona
Sul de Natal. A mulher de Expedito também está presa.(Foto: Fred Carvalho)
Antônio Carlos foi morto a tiros no Bino's Bar, no bairro de Nazaré, zona Oeste da capital potiguar. Segundo a Polícia Militar, testemunhas disseram que um homem gordo o seguiu até o banheiro. Depois, tiros foram disparados e o suspeito foi visto correndo com uma pistola na mão. Ainda de acordo com informações da polícia, o homem fugiu em um Doblò cinza de placas MMW-6343.
No relato, que afirma ser o mesmo dado à Polícia Civil, ele afirma que viu o advogado uma única vez, há três meses, ocasião em que Antônio Carlos teria se desentendido com um pedreiro por conta da disputa de um terreno em São Gonçalo do Amarante. "Ele ameaçou o pedreiro. Esta pode ter sido a motivação", disse, ressaltando que o pedreiro, que ele afirma conhecer, não foi o autor dos disparos que vitimaram Antônio Carlos.
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"Quem matou o advogado, pelo que sei, foi um homem gordo. Foi ele quem
matou. O pedreiro dirigiu o carro. Eu só fiquei sabendo disso quando ele
me devolveu o carro", reafirmou. “Ele tinha o costume de usar meu
carro. Porque ele trabalhava pra mim como pedreiro, para carregar
material”, explicou. Questionado sobre quem matou Antônio Carlos, o
comerciante disse saber quem puxou o gatilho. O nome do suposto
assassino e do pedreiro não serão publicados pelo G1 para não comprometer as investigações.- OAB faz protesto em Natal e cobra mais segurança para advogados
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Expedito admitiu que o carro dele foi usado no crime e que este seria seu único envolvimento. O comerciante também contou que estava em casa, com seus filhos, quando o crime aconteceu. “Ele pediu (o carro) às 18h30 e voltou por volta das 21h15 ou 21h30”, recordou. “Ele disse que tinha dado os tiros em uns caras, mas podia guardar o carro que não tinha problema, que ninguém tinha anotado a placa”, relatou.
A placa do carro de Expedito, contudo, foi anotada por uma das testemunhas do assassinato assim que o suspeito fugiu. Ainda na noite do crime, o comerciante diz ter recebido ligação de um delegado afirmando que a placa do carro tinha sido identificada e o veículo estava no nome de um policial civil que havia vendido o veículo para Expedito. O delegado, ainda de acordo com o o comerciante, chegou a aconselhar que ele se apresentasse à polícia. "Eu disse pra ele que só ia pela manhã, mas fiquei com medo. Fiquei apavorado. Arrumei minhas coisas, chamei minha família e viajei; fui para o Ceará. Minha esposa só está presa porque me acompanhou”, afirmou.
Suposta motivação
O advogado Antônio Carlos Oliveira teria morrido por causa de uma discussão em um terreno de propriedade de Expedito. O suspeito conta que teria comprado um terreno de seis lotes para construir um supermercado em São Gonçalo do Amarante. Um homem afirmou que era dono do terreno e acionou a imobiliária onde teria comprado. O advogado teria sido contratado pela imobiliária e, de acordo com o próprio Expedito, teria ido ao local três meses atrás, onde teria feito ameaças ao pedreiro quando este levantava um muro cercando o terreno.
Expedito disse que comprou o terreno ao próprio pedreiro, em troca de uma motocicleta. “Ele ameaçou o pedreiro”, reafirmou.
Mentiras
Para o delegado Roberto Andrade, que investiga o caso, as declarações do comerciante são mentirosas. "Ele está tentando se safar dessa. É claro que ele tem participação no crime", afirmou.
Por fim, o delegado mantém a versão de que a polícia ainda não sabe o que realmente motivou a morte do advogado e não revela qual, de fato, foi a participação do comerciante e da mulher dele no crime.
G1 RN