Combate a incêndios depende de ajuda extra...

Para o combate a incêndios, o Corpo de Bombeiros necessita da colaboração externa. Os órgãos municipais e estaduais são acionados para ceder material. Com a rede de hidrantes da cidade defasada, cerca de 28% sem funcionar, o reabastecimento do tanque de um autobomba se faz com um carro-pipa, geralmente cedido pela Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern), Exército, ou particulares. Ao fim de uma operação, a retirada do material danificado é feito, por vezes, com uma retroescavadeira, que o órgão também não possui e pede emprestado a outros órgãos.

Esta situação de esforço dos bombeiros e entraves com a infraestrutura foi constatado ontem, durante combate a um incêndio em uma fábrica de estofados, no bairro Bom Pastor, próximo ao KM 6. Às 6h09, o Bombeiros recebeu o chamado. Em 10 minutos o efetivo com quatro viaturas – uma autoplataforma aérea e três carros autobombas tanque - chegaram ao local.

O combate só foi possível com a ajuda dos carros-pipa cedidos. Sem hidrantes - equipamento de segurança de rua usado como fonte de água para ajudar no combate de incêndios -, o ponto para reabastecimento mais viável ficava em Cidade Esperança, próximo ao Departamento Estadual de Trânsito do RN (Detran), numa distância de quase 5 km.

Já, ao final da operação, no recolhimento do material destruído, a retroescavadeira usada era da Prefeitura do Natal. Cada carro autobomba possuía uma média de 5 mil litros de água, já o caminhão autoplataforma comporta um tanque com 1 mil litros de água. Com  os quatro carros, a equipe chegou ao local com uma média de 20 mil litros. Suficiente apenas para as primeiras ações. Até às 10h30 do dia, utilizaram mais de 100 mil litros para controle de fogo.

“Foi uma situação de anormalidade, mas controlamos o fogo e ainda salvou parte do material”, diz coronel Carlos Barbosa, diretor de engenharia do Corpo de Bombeiros. O galpão onde ocorreu o incêndio tinha cerca de 2 mil m² e servia como depósito para estofados, de material de algodão em sua maioria, considerado inflamável  por produzir fumaça tóxica.

O acidente, considerado de grande proporção, demandou o efetivo de todas as seis unidades do Bombeiros locadas na Região Metropolitana de Natal, um total de 50 homens e mais 20 profissionais de outros órgãos, segundo estimou coronel Carlos Barbosa.

Segundo o tenente-coronel  Luís Monteiro, chefe do Serviço Técnico de Engenharia do CBMRN, principalmente, a falta de uma rede de hidrantes adequada e de dispositivo contra incêndio no prédio prejudicaram a operação. “Um grande sinistro não é responsabilidade apenas do Bombeiros, mas uma ação de defesa civil”, frisa. Com uma rede completa, se evitaria a descontinuidade do jorrar de água no incêndio e daria mais celeridade à operação.

Atualmente, o CBMRN tem o registro de 80 hidrantes, destes 23 não funcionam. Levantamento do órgão também aponta localidades com necessidade de instalação de um hidrante. A Lei Estadual 4.436/1974 diz que os hidrantes públicos devem ser localizados a um raio de 250 metros de edifícios comerciais ou multifamiliares. E é exigido para edificações com área construída superior a 750 m², posteriores a 1974.

NÚMEROS
80 é quantidade de hidrantes prevista em Natal.
23 dos hidrantes estão sem funcionar.
651 é o número de bombeiros para todo o RN.

Tribuna do Norte
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