PMs de SP marcam protesto para o dia 4 por aumento salarial...


Coronel da reserva diz que tropa está 'revoltada' e não descarta greve

27 de maio de 2014 | 18h 16

Bruno Ribeiro - O Estado de S. Paulo
(Atualizado às 18h49)
Faixa contra governo na sede da Associação de Cabos e Soldados de SP - Bruno Ribeiro/Estadão
Bruno Ribeiro/Estadão
Faixa contra governo na sede da Associação de Cabos e Soldados de SP
SÃO PAULO - As 17 associações que representam soldados, cabos e oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo marcaram para o próximo dia 4, quarta-feira, uma manifestação na frente do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. O protesto será contra a proposta de reajuste salarial de 0% apresentada às categorias, segundo informou na tarde desta terça, 27, a Associação de Cabos de São Paulo.
O protesto deve reunir apenas oficiais da reserva e familiares dos militares, uma vez que eles não podem participar de manifestações. Policiais de outros Estados, como Pernambuco e Bahia, chegaram a cruzar os braços neste ano durante negociações trabalhistas.
Porta-voz da Coordenação das Entidades Representativas da Polícia Militar, o coronel da reserva Sérgio Payão afirma, no entanto, esperar que a manifestação seja "suficiente para sensibilizar o governo" sobre as necessidades de reajuste da categoria. "A tropa está revoltada e o movimento pode se transformar em uma greve", afirmou o PM.
"Acontece que a categoria não quer fazer greve. Na Bahia, em uma semana de greve, morreram 59 pessoas. É o número de mortes em São Paulo durante três dias. Queimaram 12 ônibus. Aqui, seriam 30. O efeito de uma greve é tão prejudicial que a própria polícia poderia ter dificuldade em colocar ordem na casa", continua Payão.
O coronel afirma que os policiais querem 13% de reajuste. "Daria um aumento de R$ 450 aos solados", diz. "O impacto seria de 1,04% no Orçamento do Estado."
Payão continua: "São Paulo já tem um dos salários mais baixos do Brasil. O soldado recebe R$ 2.608. Mesmo com o adicional de insalubridade, dá R$ 3.100, aproximadamente. O salário em Sergipe é de R$ 3.700. Em Minas, R$ 4.700. No Distrito Federal, de R$ 5.200. Sem contar que em Brasília há um PM para cada 180 habitantes, enquanto aqui há um para cada 507. Uma carga de trabalho três vezes maior".
Os policiais estudam a possibilidade de iniciar uma operação padrão caso as discussões não avancem. Significa que viaturas sem condições, como com pneus carecas, sem pastilhas de freio e sem seguro obrigatório em dia deixariam de ser usadas.
"Já tivemos oito reuniões para tratar do aumento. Quando chegamos a um índice, que foi levado para o governador, Geraldo Alckmin disse não. O Estado vai dizer que, nos últimos três anos, tivemos aumento de 36,94%, acima da inflação. Mas o aumento real é muito baixo", completou Payão.
Em resposta ao Estado, a Secretaria de Segurança Pública usou o índice citado por Payão. "Na atual gestão foram concedidos três aumentos salariais, o que representa um reajuste acumulado de 36,59%, quase o dobro da inflação do período, que foi de 19,38%, de acordo com o IPCA", diz nota enviada pela secretaria. A nota não cita possibilidade de retorno às negociações com os policiais. As entidades representantes dos PMs afirmam que, no dia 4, devem trazer ônibus com representantes do interior do Estado.
A secretaria diz ainda que "que não é verdade que será 0% de reajuste. As negociações estão em andamento". Mas, questionada específicamente sobre a agenda das supostas negociações (e o dia da próxima reunião com as entidades), a assessoria de imprensa da secrataria disse não ter informações sobre a data.

LEIA ÍNTEGRA DA NOTA ENVIADA PELA SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA:
"O Governo está investindo na valorização e na reestruturação da carreira policial. Na atual gestão foram concedidos três aumentos salariais, o que representa um reajuste acumulado de 36,59%, quase o dobro da inflação do período, que foi de 19,38%, de acordo com o IPCA.
O novo plano de carreira da Polícia Militar chegou a um total de 27.282 PMs promovidos em praticamente todos os postos. As mudanças permitem que os PMs subam de posto em menor tempo.
A medida representa um investimento de R$ 111 milhões ao ano por parte do Governo do Estado. Somada a outras iniciativas de valorização da carreira, o plano vai permitir que aumentos salariais recebidos pelos policiais cheguem até 24% - índice que será aplicado aos soldados de primeira classe promovidos a cabo.
Além das promoções, a mudança permite que os soldados que tenham mais de cinco anos prestem concurso e subam direto à patente de sargento. Hoje, ele precisa antes ser promovido a cabo - o que pode levar até 22 anos, quando a promoção ocorre por antiguidade.
Já está em prática a Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Militar (DEJEM), que colocou, no começo do mês, 1 mil policiais militares a mais nas ruas. Os policiais podem trabalhar voluntariamente em suas folgas, com direito a uma remuneração adicional.
Em dezembro de 2013, também foi aprovado o aumento do teto salarial para recebimento do auxílio alimentação, que passou a ser de R$ 2.924. O reajuste beneficiou 15.900 policiais, que ficariam acima do atual patamar com o aumento salarial de 7% sancionado em novembro.
Desde janeiro de 2014, foi dobrado o valor da diária-alimentação, que subiu de R$ 20 para R$ 40, e ampliado o número máximo de diárias que o policial pode receber por mês; passou para 15 dias, enquanto anteriormente era de 12 dias. Na prática, toda a corporação terá um ganho de R$ 341.
Outra lei regulamentada dobra o valor de indenizações a policiais afastados por invalidez e familiares de oficiais mortos. O teto do seguro passou a ser de R$ 200 mil - o anterior era de R$ 100 mil. O novo valor das indenizações retroage para casos ocorridos a partir de janeiro de 2012."
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