Coronel Araújo: “Segurança Pública pede orçamento compatível com instituições”...


Além de abordar o sistema de segurança num nível geral, nesta entrevista, o comandante da PM fala do sucesso da segurança da Copa, dos benefícios conquistas pelos policiais e praças da PM e da necessidade de políticas públicas voltadas para o cidadão

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Época de eleições é momento propício para se discutir o futuro do Estado. Na pauta de discussões, portanto, os temas importantes, sendo um deles, a segurança pública. Para o comandante da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, coronel Francisco Canindé Araújo, o sistema de segurança pública precisa de um orçamento compatível ao tamanho das instituições e à necessidade que o Rio Grande do Norte tem. “O sistema precisa de orçamento com um custeio que garanta o funcionamento das instituições, para que nós tenhamos maior quantidade de veículos na rua, os policiais recebam as diárias operacionais, tenham alimentação para todos os policiais, fardamento e equipamento. Se tiver todos esses incrementos para o policial, ele vai trabalhar mais motivado e quem vai ganhar é a sociedade. Vai realmente existir uma sensação de segurança”, afirma.
O Jornal de Hoje – Como avalia a atuação da PM durante a Copa do Mundo em Natal?
Francisco Araújo – Nós trabalhamos dentro do planejamento; tínhamos um planejamento e esse planejamento foi executado e cumprido na íntegra, todas as missões que foram dadas à Polícia Militar nós cumprimos. Eu costumo dizer que foi uma missão singular, foi uma coisa única em nossas vidas, porque uma Copa do Mundo em Natal nós, integrantes da Polícia Militar, não iremos alcançar outra. Então foi uma missão singular para todos nós, uma missão única e cumprimos todas as rotas protocolares nas escoltas e batedores de delegações de futebol e autoridades que vieram ao país; as maiores autoridades do mundo estiveram presentes aqui no Rio Grande do Norte e garantimos a segurança da população do Rio Grande do Norte, de turistas nacionais e de turistas estrangeiros. É tanto que, inicialmente havia um descredito de dizer que o sistema de segurança não ia dar conta da segurança dessas instituições que estavam aqui e nós saímos em primeiro lugar. Todas as autoridades da república e entidades internacionais elogiaram o nosso trabalho.

JH – Houve ocorrência de maior gravidade?
FA – Nada, nenhuma ocorrência de gravidade. Como eu disse, tudo foi planejado e tudo executado sem nenhum erro, tudo milimetricamente. Até os deslocamentos das delegações nós chegamos com o tempo cronometrado da saída de aeroporto para hotel, de hotel para local de treinamento, de local de treinamento para o estádio e todas essas rotas, foram feitos mais de 150 traslados dessas autoridades e não houve nenhum problema. Eu posso dizer que isso foi devido ao planejamento que foi feito, a abnegação dos policiais, o espírito de sacrifício de todos eles, a maioria no horário de folga saía de suas residências, se apresentavam para o trabalho e cumpriram essa missão.

JH – Havia um receio de que os policiais seriam deslocados do interior para a capital, gerando insegurança em algumas regiçoes. Isso ocorreu?
FA – Também não, porque nós não retiramos policiais do interior para trazer para Natal; o que é que nós fizemos? Nós convocamos os policiais que estavam à disposição de outros órgãos, policiais que estavam de folga e trabalharam durante o período da Copa aqui. O policiamento nas cidades do Rio Grande do Norte foi mantido, ou seja, muitas cidades do Rio Grande do Norte vieram para Natal para ver a Copa, então até diminuiu a quantidade de pessoas nas cidades do interior que vieram para cá para conhecer e quando chegaram aqui viram o aparato do sistema de segurança pública e do sistema de defesa nacional, porque todos os órgãos de defesa do estado e órgãos federais e as forças armadas estiveram presentes trabalhando de forma integrada.

JH – E qual é, afinal, o legado da Copa para a área de segurança?
FA – O grande legado é a experiência de todos os PMs, desse grande evento, e também o treinamento que todos tiveram, a requalificação profissional que todos tiveram para operar muitos equipamentos que nós recebemos, em termos de formação dos policiais e em termos de conhecimento. Em termos de equipamentos o legado é um grande centro de comando e controle, que transformou o centro de operações em um grande centro, com equipamentos de tecnologia de primeiro mundo, viaturas, motocicletas, equipamentos de proteção individual, que são os coletes balísticos e outros equipamentos, um esquadrão antibombas para o Batalhão de Operações Especiais, um carro de controle de tumultos para o Batalhão de Choque, ou seja, quantidade de viaturas e motocicletas são 150 viaturas para a Polícia Militar e 60 motocicletas. Quando todos esses equipamentos estiverem aqui no Rio Grande do Norte certamente a Polícia vai ter um poder de resposta maior e quem vai ganhar com isso passa a ser a população, que vai ter uma maior sensação de segurança.

JH – Verdade que, após a Copa, aumentaram os índices de criminalidade?
FA – Nós tivemos ocorrências de práticas de homicídios, crimes de acertos de contas, crimes passionais e também assaltos nos estabelecimentos comerciais. Então nós estamos pegando esses equipamentos que nós recebemos, estão garantidos para a Polícia Militar 150 viaturas, nós recebemos 17 dessas 150. Essa semana está chegando mais 13 viaturas para a PM e na outra semana estão chegando as demais. Então quando nós estivermos com todas essas viaturas vamos ter uma ostensividade maior. Atualmente, nos locais em que estão ocorrendo as incidências dos crimes de homicídios e essas práticas dos assaltos dos estabelecimentos comerciais, nós estamos realizando operações policiais, que nós chamamos patrulhamento tático móvel com abordagem, para prender delinquentes que estão nessa prática de delito. Ontem mesmo nós tivemos a prisão de delinquentes que eram fugitivos de presídios e que estavam na prática de assaltos. Prendemos quatro delinquentes desses, eles estavam armados e são acusados de assaltos a estabelecimentos comerciais, inclusive desse último que houve em Capim Macio.

JH – E essas operações vão continuar?
FA – Certamente. Como houve essas prisões e apreensões de armas desses delinquentes que estavam assaltando ela está dando efeito, porque eles estão sendo retirados de circulação e ao mesmo tempo não iremos parar porque a cada dia, por exemplo, essa semana e a próxima nós estamos recebendo mais viaturas e equipamentos, então estamos tendo condições de trabalhar mais.

JH – Como está a condição do policial no sentido de prestar um bom serviço?
FA – No tocante à Polícia Militar, o PM nosso ele teve o benefício. Nós tivemos um projeto de lei aprovado em que houve uma correção do nosso subsídio, como militares estaduais, de 32% dividido em quatro parcelas. É um fator motivacional para todos os militares, do soldado ao coronel. No tocante aos praças era um sonho institucional de haver uma lei de promoção de praças, que essa lei possibilita a carreira funcional das praças da Polícia Militar e Bombeiro Militar, no caso os militares estaduais. Esse projeto foi aprovado, sancionado, e nós já vamos iniciar agora em agosto, chamar os PMs para os cursos de formação, ou seja, já começarão a ser habilitados a serem promovidos a partir de abril do próximo ano. No tocante aos oficiais nós estamos concluindo um projeto, um estudo de uma lei de promoção de oficiais e uma reestruturação do efetivo da polícia militar. Dentro em breve iremos encaminhar ao governo para a deliberação na Assembleia Legislativa. Além dessas garantias da carreira, como eu falei antes, tem esses equipamentos novos que estamos recebendo, ou seja, passamos a receber melhores condições de trabalho e o policial fica mais motivado.

JH – Estamos em ano de eleições, que preocupação deve ter o próximo governante?
FA – O sistema de segurança pública precisa de um orçamento compatível ao tamanho das instituições e à necessidade que o Rio Grande do Norte tem. Esse orçamento com um custeio que garanta o funcionamento das instituições, para que nós tenhamos maior quantidade de veículos na rua, os policiais recebam as diárias operacionais, tenham alimentação para todos os policiais, fardamento e equipamento. Se tiver todos esses incrementos para o policial ele vai trabalhar mais motivado e quem vai ganhar é a sociedade, vai realmente existir uma sensação de segurança.

JH – Em termos de projetos, que precisa ser feito?
FA – São vários fatores, eu estou falando em termos internos das instituições. Agora é importante que exista em todo sistema de governo políticas públicas de segurança; não adianta a polícia estar presente em determinada comunidade e somente a polícia, faltar iluminação pública, faltar saneamento, faltar um calçamento, não ter assistência para as pessoas daquela comunidade, uma escola de tempo integral, isso aí já são outros fatores que são políticas públicas de segurança que garantem o que nós chamamos da prevenção primária do delito, onde o jovem é acompanhado nas escolas de tempo integral, com recreação, esporte, lazer. Então, a Polícia também presente, porque se for só a polícia e não tiver as outras políticas públicas de segurança, realmente a polícia sozinha não tem condições de resolver a violência.

JH – Quais as principais ações que precisam ser feitas?
FA – O investimento nas estruturas de segurança pública, condições de trabalho com equipamentos e com a manutenção das viaturas, alimentação para o policial, toda a estrutura que a instituição existe, porque fortalece, e o trabalho e outras secretarias na prevenção primária do delito; uma secretaria de Ação Social, uma secretaria de Educação, fazer com que o jovem, a criança ou adolescente fique ocupado e tenha tanto a ocupação educacional nas escolas como a ocupação de trabalho. E o poder público também cuide dos logradouros públicos, o aproveitamento dos espaços humanos, das comunidades, para que naquele espaço o cidadão sinta orgulho de viver naquela comunidade. Se o cidadão sentir orgulho de viver em uma comunidade onde ele tenha iluminação pública, saneamento, escola, posto de saúde e a presença, também, da polícia, ele vai se sentir bem e os índices de criminalidade certamente irão reduzir.
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