Mossoró registra um assassinato a cada dois dias e polícia diz que índice está caindo...


Capital do Oeste já virou 'praça de guerra', onde jovens se matam por acerto de dívidas do tráfico de drogas

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Na semana passada, o Rio Grande do Norte alcançou o índice de 1000 mortes intencionais apenas no ano de 2014. Com a violência atingindo todo o Estado, a segunda maior cidade do RN, Mossoró, conhecida como a “Capital do Oeste”, não foge à regra e também apresenta números preocupantes.
Na noite dessa segunda-feira (21), Vanderlei Alves de Souza, o “Vanderlei Tatuagem”, de 30 anos de idade, foi surpreendido por dois homens em uma motocicleta que atiraram sete vezes contra ele, que morreu na hora. O homicídio aconteceu na rua Marechal Floriano, no bairro Paredões. Com mais essa morte, Mossoró atingiu a marca de 100 Crimes Violentos Intencionais Letais (CVIL) apenas em 2014, uma média de 34,02 para cada 100 mil habitantes. Em termos de quantidade, a cidade fica apenas atrás de Natal, que já chegou aos quase 350 mortes intencionais. Falando em tentativas de homicídios, os números também impressionam. Foram 154 até a manhã desta terça-feira (22).
Segundo Cleiton Pinho, titular da Delegacia de Homicídios (Dehom) de Mossoró, não existe mais uma razão “específica” para que as pessoas estejam matando na cidade. “Antigamente o que se constatava era que a maioria dos crimes eram relacionados a alguma desavença relacionada ao consumo de drogas. Hoje em dia não existe mais isso. Atualmente as pessoas estão matando por matar. Matando para mostrar quem é que manda em determinada região. Esse é o maior problema que a polícia tem enfrentado para conseguir inibir esse tipo de situação”, frisou.
Ainda segundo Cleiton, jovens entre os 14 e 23 anos são os maiores responsáveis por esse tipo de crime. “É aquilo que eu falei, o jovem quer mostrar quem é que manda na região. Por isso é muito importante que se faça um trabalho na base, um trabalho familiar para tentar identificar esse tipo de tendência desde cedo, assim a polícia pode trabalhar em cima dessa situação”.
Apesar dos números, o delegado da Dehom afirmou que a quantidade de homicídios diminuiu em relação ao ano passado e lembrou que a delegacia tem conseguido solucionar muitos casos. “Nos primeiros seis meses do ano passado, o total de homicídios foi de 104, uma redução pequena, mas que existiu. Além disso, conseguimos elucidar cerca de 70% dos casos de homicídios que investigamos. Mas é claro que precisamos melhorar. A delegacia recebeu alguns investimentos. Agora estamos trabalhando em plantão 24 horas, o que tem ajudado, já que estamos conseguindo ir para os locais dos crimes em qualquer horário. Estamos trabalhando para diminuir esses índices”.
Bairro de Santo Antônio tem morte diária
O bairro mais perigoso é o de Santo Antônio. Nele, 19 pessoas já foram mortas e outras 39 sofreram tentativas de assassinatos. “Aqui já virou uma coisa muito banal. Quando recebemos a notícia de que alguém foi morto, nós nem nos abalamos mais. Infelizmente já estamos nessa situação. É algo tão comum, que as pessoas nem ligam mais”, lamentou Eneide Soares Nascimento, moradora do bairro e supervisora da Escola Estadual Professor Paulo Freire.
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De acordo com Eneide, a violência no bairro é tão grande, que até mesmo assalto dentro das dependências da escola se tornou comum. “Eu mesmo já fui assaltada dentro da escola. Os próprios alunos, familiares ou ex-alunos estão assaltando, pois quem vem roubar aqui conhece muito bem a escola, onde fica tudo. É uma situação muito complicada, mas infelizmente esse é o Estado que estamos vivendo”.
Enquanto o Estado não garante a segurança para os potiguares, a própria população tem agido para conseguir formar uma sociedade mais segura. “Nós fazemos alguns trabalhos com os jovens, para tentar tirá-los da criminalidade. Aqui fizemos o projeto ‘Conte Até 10′, que é para os jovens pensarem bem antes de cometerem algum crime. Também fazemos projetos de prevenção contras as drogas, pois tudo começa com as drogas. Infelizmente, nem sempre conseguimos evitar algo pior. Mas fazemos o que podemos”, finalizou Eneide Soares.
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