Polícia apura conexão com a máfia...

Roberto Lucena
Repórter

O delegado Raimundo Rolim, da Delegacia Especializada em Homicídios (Dehom), começou ontem, dia 21, uma série de oitivas com testemunhas e pessoas intimadas a prestarem esclarecimentos que possam apontar indícios da possível atuação da máfia italiana no Rio Grande do Norte. Crimes como lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal são investigados pela Polícia Civil, Ministério Público do Estado (MPRN) e autoridades italianas. A investigação teve como elemento inicial o assassinato do italiano Enzo Albanese.
Frankie MarconeDelegado Raimundo Rolim iniciou ontem oitivas com testemunhas e pessoas ligadas à LadoganaDelegado Raimundo Rolim iniciou ontem oitivas com testemunhas e pessoas ligadas à Ladogana

Enzo Albanese, 42 anos, foi morto no último dia 2 de maio, em frente à casa onde morava, no bairro de Capim Macio, zona Sul de Natal. O crime aconteceu por volta das 19h45, quando um homem de capacete desceu de um Corolla de cor clara, efetuou os disparos e fugiu. Três pessoas estão presas por suspeita de participação no homicídio: o empresário italiano Pietro Ladogana (apontado como o autor intelectual do crime); a ex-mulher de Pietro, Tamara Maria de Barros Lima e o cabo da Polícia Militar, Alexandre Douglas.

A prisão dos três acusados foi apenas uma das etapas no processo de investigação. A polícia Civil, com a cooperação da polícia italiana, descobriu que Pietro Ladogana chefia uma organização criminosa que controla pelo menos sete empresas do ramo imobiliário em Natal e Extremoz. Todas as empresas possuem sócios italianos não-residentes no Brasil e estão envolvidas em crimes de homicídios, ameaças, estelionatos, fraudes, falsificações de documentos públicos, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Para esclarecer como os crimes ocorriam, o delegado Raimundo Rolim intimou várias pessoas que tiveram contato com as empresas vinculadas a Ladogana. Na manhã de ontem, na sede da Dehom, foram ouvidos João Soares de Souza e Gustavo Eugênio Costa de Souza. Pai e filho, respectivamente. O primeiro é tabelião do cartório de registro de imóveis de Extremoz e, o segundo, tabelião substituto.

Também foram ouvidos  o corretor de imóveis Paulo de Tarso e Victor Ciarlini Jaegge, chefe do Gabinete Civil da Prefeitura de Extremoz e sobrinho da governadora Rosalba Ciarlini. Hoje, dia 22, o delegado continua com as oitivas e deve ouvir os depoimentos do prefeito de Extremoz, Klauss Rego; secretário de Agricultura e Pesca, Adriano Veras Batista e o secretário de Tributação, Sidnei Soares de Assis.

Segundo Rolim, as primeiras oitivas foram “interessantes” e o trabalho será importante para desvendar mistérios que cercam  o caso. “Todos que foram ouvidos se colocaram à disposição. É importante ouvir essas pessoas porque, de alguma forma, elas tiveram contato com os negócios de Pietro Ladogana”, disse. O delegado vai ouvir outras intimados até amanhã, dia 23, e quer finalizar o inquérito na próxima sexta-feira, dia 25. “Mas o trabalho não será encerrado agora. Temos muito chão para percorrer. O trabalho está no início”, contou.

Apreensões
Até o momento, a Polícia Civil já apreendeu mais de R$ 2 milhões em bens móveis e semoventes. São dez veículos automotores, sendo vários automóveis de luxo e importados; uma Fazenda, no município de Ielmo Marinho/RN (Haras Novo Mundo), com dezenas de animais da raça “Quarto de Milha”, avaliada em mais de R$ 1,5 milhão, além da quantia de € 36.100,00 (trinta e seis mil e cem euros), em espécie, com a namorada de Pietro Ladogana, quando a mesma desembarcava na capital potiguar, no último dia 30 de maio, além de computadores Desktops, MacBook, Notebooks, iPads, e, mais de 20 aparelhos celulares de diversas marcas.
Tribuna do Norte
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