'O pior em segurança pública', dizem promotores sobre o governo do RN

Divulgada nesta sexta (22), nota é assinada por 4 promotores de Justiça.
Eles criticaram a mudança feita pelo governador no comando-geral da PM.

Governador reuniu cúpula da segurança pública nesta quinta (21) (Foto: Kléber Teixeira/Inter TV Cabugi)

Para os promotores de Justiça do Rio Grande do Norte, em particular os que atuam na esfera criminal, o atual governo do estado “é sem dúvida o pior dos últimos tempos em matéria de segurança pública”. A afirmação consta em uma nota divulgada nesta sexta-feira (22) em decorrência da mudança promovida pelo governador Robinson Faria no comando-geral da Polícia Militar. No lugar do coronel Ângelo Mário de Azevedo Dantas assumiu o coronel Dancleiton Pereira Leite.

“Conseguiu enfraquecer ainda mais a PM e, para piorar, perdeu totalmente o controle do Sistema Penitenciário - SISPEN, despejando nas ruas bandidos de alta periculosidade, retroalimentando assim a criminalidade”, acrescenta a nota, que é assinada pelos promotores Fausto Faustino França Júnior, Sílvio Ricardo Gonçalves de Andrade Brito, Emanuel Dhayan Bezerra de Almeida e Márcio Cardoso Santos.

Até o momento, o governo do estado não se manifestou quanto à nota assinada pelos promotores. Quem se pronunciou, também por meio de uma nota, foi a Associação dos Delegados de Polícia Civil do Rio Grande do Norte. A Adepol repudiou a opinião dos promotores de Justiça, ao dizer que a nota divulgada por eles "macula a imagem da instituição Polícia Civil atacando de forma generalizada profissionais abnegados, que diuturnamente arriscam suas vidas em prol da segurança pública do Estado".

Já o ex-comandante da PM, coronel Ângelo, usou as redes sociais para criticar sua substituição. "Boa noite, muito prazer a todos. 'Permitam-me apresentar-me': Sou novo por aqui. Aliás, sou um operador do face razoavelmente antigo, mas em razão de circunstâncias alheias à minha vontade e à de muitas pessoas estou sendo orientado a mudar de nome. A partir de agora passarei a assinar como bode expiatório", escreveu o coronel Ângelo Dantas. Ele estava no comando da PM desde o início de 2015.

Coronel Ângelo usou redes sociais para falar sobre sua saída do comando geral da PM (Foto: Reprodução/Facebook)

Abaixo, confira a íntegra da nota assinada pelos promotores
 

Nós, Promotores de Justiça com atuação na área criminal, assistimos ontem constrangidos a notícia de demissão do Comandante Geral da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte - PMRN, Coronel Ângelo. A demissão, para dizer o mínimo, foi deselegante.
Vimos, mais uma vez, a PMRN, na figura do seu Comandante Geral, ser eleita como bode expiatório do fracasso das políticas governamentais na área de Segurança Pública, justamente a PM que é a instituição que ainda consegue, com toda dificuldade, prestar algum serviço à segurança publica potiguar.
A atual política de segurança do Governo Robinson Farias tem procurado a todo custo isolar e apequenar a Polícia Militar, tudo em nome de uma hegemonia bacharelesca na política da segurança pública, onde alguns sem nenhum trabalho relevante no exercício profissional, ditam unilateralmente a gestão do sistema.
O Governo atual é sem dúvida o PIOR dos últimos tempos em matéria de Segurança Pública. Conseguiu enfraquecer ainda mais a PM e, para piorar, perdeu totalmente o controle do Sistema Penitenciário - SISPEN, despejando nas ruas bandidos de alta periculosidade, retroalimentando assim a criminalidade.
A PM, o MP ou mesmo o Judiciário são incapazes de dar conta da segurança pública se o SISPEN não conseguir sequer manter os atuais presos encarcerados.
Não há planejamento claro, não há projetos, não há metas e tarefas transparentes para serem cobradas e, sobretudo, não há disposição para enfrentar os vícios do sistema. Tem-se, por exemplo, uma Polícia Civil com centenas de novos profissionais, nomeados nos últimos 02 anos, porém com o mesmo grau de ineficiência, dada sobretudo a falta de impessoalidade na gestão de pessoal, de controle de resultados, de comando, sem treinamento adequado, sem doutrina inicial e muitas das vezes sem boas referências profissionais. Por tudo isso, a Polícia Civil tem se mostrado uma instituição deficiente e incapaz de combater a macrocriminalidade, o que tem sobrecarregado a Polícia Militar. O pouco que vemos de trabalho investigativo realizado pela Polícia Civil é fruto do esforço pessoal de algum delegado ou de uma equipe, e não de uma postura da instituição de busca por resultados.
Também, não é para menos. O próprio Delegado-Geral é réu em ação de improbidade emblemática, que expressa a velha prática do compadrio e da ausência de impessoalidade na gestão Robinson Farias.
Deixamos aqui, portanto, nossa solidariedade à PMRN, instituição que, no dia de ontem, foi mais uma vez ultrajada pela política clientelista do Governo Robinson Faria na segurança pública.
Fausto F. de França Júnior
Promotor de Justiça
Sílvio Ricardo G. De Andrade Brito
Promotor de Justiça
Emanuel Dhayan Bezerra de Almeida
Promotor de Justiça
Márcio Cardoso Santos
Promotor de Justiça
Nota da Adepol

A Associação dos Delegados de Polícia do RN vem a público REPUDIAR a nota que tem circulado nas redes sociais atribuída aos promotores de justiça Fausto de França, Silvio Brito, Emanuel Dhayan e Marcio Cardoso.
Referida nota macula a imagem da instituição Polícia Civil atacando de forma generalizada profissionais abnegados, que diuturnamente arriscam suas vidas em prol da segurança pública do Estado.
Tais manifestações são desagregadoras e acirram ânimos entre as polícias civil e militar, atitude que em nada contribui para soluções necessárias ao combate à violência que tanto anseia o povo potiguar.
Vale destacar que, historicamente, a Polícia Civil e a Polícia Militar sempre trabalharam de forma integrada, lutando para prestar um melhor serviço ao povo do Rio Grande do Norte, inobstante todas as dificuldades e problemas estruturais.
Seria de bom alvitre que os citados promotores, ao invés de tecerem críticas que apenas têm o condão de "menosprezar" a Polícia Civil, apresentassem sugestões de ordem prática que de forma construtiva viessem a contribuir para o enfrentamento à violência que tanto aflige os cidadãos.
Críticas construtivas serão sempre bem recepcionadas desde que manifestadas com a urbanidade que deve nortear as relações institucionais. Fazer insinuações e ilações generalizadas não condiz com a nobre função de quem tem o dever de zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública.
Por fim, a Adepol/ RN assevera que atitudes isoladas de alguns profissionais não descredibilizarão o importante trabalho da Polícia Civil, tampouco, comprometerão nossa disposição em zelar pelo respeito mútuo entre as instituições, com as quais sempre trabalharemos harmonicamente em benefício de todos.

ASSOCIAÇÃO DELEGADOS POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Fonte: intertv

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