Professor defendeu alunos antes de ser morto em ataque no Paquistão

Segundo testemunhas, docente atirou contra suspeitos que invadiram local.
21 pessoas morreram em ataque a universidade em Charsadda.

Equipes de resgate carregam ferido em ataque a universidade no Paquistão nesta quarta-feira (20) (Foto: Hasham Ahmed/AFP)

"Mártir" e "cavalheiro" são alguns dos elogios póstumos a um professor de química, que nesta quarta-feira protegeu seus alunos da universidade paquistanesa de Charsadda, abrindo fogo contra os talibãs.
Syed Hamid Husain, professor-assistente de química na universidade Bacha Khan de Charsadda, perto de Peshawar (noroeste), estava no edifício que foi tomado por talibãs nesta quarta-feira pela manhã. No total, 21 pessoas morreram no ataque.

Segundo vários testemunhos, o docente atirou contra os agressores, dando tempo para que seus alunos fugissem, antes de ser abatido.

Um estudante de geologia, Zahoor Ahmed, contou à AFP como o professor os protegeu.
"Fomos para o lado de fora, mas fomos impedidos pelo nosso professor de química, que nos aconselhou a voltar para dentro". "Ele tinha um revólver na mão, eu vi uma bala atingi-lo, havia dois homens disparando em todas direções", disse.

"Dispararam diretamente", contou outro estudante, Muhammad Daud. Segundo ele, Syed Hamid Husain era "um verdadeiro cavalheiro e um respeitável professor".
Um terceiro estudante declarou a uma rede de televisão que eles estavam na sala de aula quando foram ouvidos os disparos.

"Vimos três terroristas gritando 'Allah Akbar' (Allah é grande) e disparando em direção às escadas do nosso departamento", contou.

"Um estudante se jogou pela janela e não o vimos levantar".
O aluno também disse ter visto um professor com uma arma na mão, disparando contra os agressores. "Depois o vimos cair, e saímos correndo".

O reitor do centro, Mamnoon Hussain, confirmou a morte do docente, e transmitiu seus pêsames à família.

'Um mártir da educação'Outros estudantes e professores também dispararam contra os agressores, disse à AFP um porta-voz dos serviços de socorro, Bilal Faizi, "razão pela qual não houve mais vítimas".

No Twitter foram muitos os que prestaram homenagem ao professor, apresentado pelo jornalista e professor universitário Raza Ahmad Rumi como "um mártir da educação".

No noroeste do Paquistão, depois do massacre perpetrado no final de 2014 em uma escola de Peshawar por um comando de talibãs, os professores têm direito a levar uma arma para sala de aula. Na ocasião, os talibãs abateram a sangue frio, durante várias horas, cerca de 150 pessoas, na maioria alunos.

O ataque dessa quarta-feira, que durou toda a manhã, deixou um saldo de 21 mortos. Até o momento não se sabe se os agressores estão incluídos nesse balanço.



Fonte: G1

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