Comandante dos bombeiros espera fim dos protestos para próxima terça-feira


Sérgio Simões pretende se reunir com manifestantes ainda nesta segunda

Marcelo Bastos, do R7 | 06/06/2011 às 15h38
Reprodução Rede Record
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Novo comandante dos bombeiros disse querer negociar

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Disposto a negociar com os manifestantes e acabar com a crise no Corpo de Bombeiros, o novo comandante-geral da corporação, coronel Sérgio Simões, disse, nesta segunda-feira (6), acreditar que, a partir da próxima terça-feira (7), não haja mais protestos pelas ruas do Rio de Janeiro. O comandante pretende se reunir ainda nesta segunda com líderes do protesto.

- Eu gostaria que o fim dos protestos começasse de imediato. Eu tenho me manifestado todas as vezes, convidando os bombeiros que estão na Alerj para irem ao quartel do comando-geral. Eles serão recebidos com respeito, com dignidade. Eles serão ouvidos e também quero que eles me ouçam. A minha expectativa é que, ainda no dia de hoje, a gente possa acabar com esse tipo de manifestação. E que o Corpo de Bombeiros seja visto como sempre foi visto: uma corporação dedicada aos interesses da população.

O comandante se mostrou confiante de que a reivindicação dos manifestantes, de um salário líquido em torno de R$ 2.000 seja atingida.

- Um soldado bombeiro hoje recebe mais de R$ 1.100 de salário bruto. Se ele tem pelo menos um dependente, esse salário já passa para R$ 1.450. Em setembro deste ano, quem entrou em 2008, vai receber o triênio, que é um aumento de 10% do salário bruto. Depois, a cada três anos, há triênios com aumento de 5%. Além disso, todos os anos, abrimos concurso interno para cabo, com 400 vagas. O salário de cabo passa dos R$ 2.000. Então não acredito que seja uma negociação tão difícil.

Sérgio Simões disse já ter se reunido com comandantes de quartéis e prometeu percorrer parte das 108 unidades operacionais para conversar com a corporação, que tem um efetivo de aproximadamente 17 mil militares.

- A questão salarial tem várias faces. Uma delas é que já existe um programa de recuperação salarial que está sendo feito pelo governo do Estado. Por outro lado, que cuida disso é a secretaria de Planejamento, que já abriu um canal de comunicação. Mesmo antes de eu assumiu, houve uma reunião com as lideranças no movimento no dia 25 de maio. Foram passadas informações e eles teriam que apresentar uma proposta. Por questões que eu desconheço, essa proposta não foi levada. Então, está faltando esse entendimento, que também é uma responsabilidade minha e eu espero encerrar esse assunto da melhor maneira.

O novo comandante disse também que o 1º Corpo de Bombeiros do Brasil, o do Rio de Janeiro, não sofre com problemas de estrutura, a qual Simões elogiou e lembrou os investimentos de R$ 170 milhões feitos nos últimos quatro anos.

- Hoje eu tenho tranquilidade para dizer que, em termos de equipamentos, efetivo, de qualificação de profissionais, nós somos os melhor corpo de bombeiros do Brasil, quiçá do mundo.

Entenda o caso

Por volta das 20h da última sexta-feira (3), cerca de 2.000 bombeiros - muitos acompanhados de mulheres e crianças - ocuparam o Quartel Central da corporação, no centro do Rio de Janeiro. O protesto, que havia começado no início da tarde em frente à Alerj (Assembleia Legislativa), durou toda a madrugada.

A principal reivindicação da categoria é aumento salarial de R$ 950 para R$ 2.000 e vale-transporte. A causa já motivou dezenas de paralisações e manifestações desde o início de abril. Seis líderes dos movimentos chegaram a ser presos administrativamente em maio, mas foram liberados.

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Veja o momento que o Bope invade o quartel

Diante do clima de tensão no Quartel Central, repetidos apelos feitos pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, para que os manifestantes retornassem às suas casas foram ignorados e bombeiros chegaram a impedir que colegas trabalhassem diante dos chamados de emergência. A PM, então, com auxílio do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), invadiu o complexo às 6h de sábado (4). Houve disparos de arma de fogo, acionamento de bombas de efeito moral e confrontos rapidamente controlados. Algumas mulheres e crianças ficaram levemente feridas e foram atendidas em postos no local.

Os bombeiros foram levados presos para o Batalhão de Choque, que fica nas proximidades. De lá, 439 foram transferidos de ônibus para a Corregedoria da PM, em São Gonçalo, região metropolitana do Estado, onde passaram a madrugada de domingo (5). Durante a manhã, eles foram novamente transferidos, só que para o quartel do bairro Charitas, em Niterói, também na região metropolitana.

Visivelmente irritado com o "total descontrole", o governador Sérgio Cabral anunciou no sábado, após reunião de cerca de cinco horas com a cúpula do governo, a exoneração do então comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Pedro Machado. O cargo passou a ser ocupado pelo coronel Sérgio Simões, que era subsecretário de Defesa Civil da capital fluminense.

Cabral disse que não negocia com "vândalos" e "irresponsáveis", alegou que os protestos têm motivação política e se defendeu dizendo que o governo tem planos de recuperação salarial para todos os militares desde 2007. Segundo ele, com todas as bonificações e reajustes previstos, até o fim do ano, os bombeiros terão um salário muito próximo ao que é reivindicado.

Os bombeiros presos serão autuados em quatro artigos do Código Penal Militar: motim, dano em viatura, dano às instalações e por impedir e dificultar a saída para socorro e salvamento. A pena para estes crimes varia de dois a dez anos de prisão. Inconformados, alguns iniciaram greve de fome como mais uma forma de protesto.

Apesar das baixas, o comando-geral do Corpo de Bombeiros informou que a rotina de atendimento à população está mantida e que os substitutos dos bombeiros presos assumiram seus postos.



Fonte: Portal R7
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