15/06/2013 08h05
- Atualizado em
15/06/2013 11h38
Coronel e major da corporação foram ouvidos pelo G1 após protestos.
Eles comentaram confronto entre policiais militares e manifestantes em SP.
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Para José Vicente da Silva Filho, que foi coronel da Polícia Militar de
São Paulo, secretário Nacional de Segurança e atualmente é professor da
Academia da PM de SP, o confronto era inevitável. Para ele, mesmo se o
ponto da abordagem fosse diferente, os resultados seriam parecidos.- 'Parece que protocolos não foram observados', diz Haddad sobre polícia
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“Não vejo como o conflito poderia ser evitado. A PM não tinha outra saída a não ser impedir o avanço dos manifestantes na Consolação, que é uma importante via do Centro. Os manifestantes haviam descumprido um acordo para não subirem por ela. Por esse motivo, foi preciso dispersar o grupo e a força empregada foi compatível com o problema”, disse Silva Filho.
O mesmo entendimento é do ex-major da PM, Diogenes Viegas Talli Lucca. “A PM usou o recurso adequado para aquela ocasião. A única falha da polícia foi a de não ter entrado com força máxima na terça-feira [durante o terceiro protesto organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL) na capital]. Se tivesse usado a Tropa de Choque na terça, a manifestação teria diminuído na quinta”.
A análise dos especialistas sobre a legitimidade da ação da PM vai de encontro ao próprio discurso do governo paulista, da Secretaria da Segurança Pública do Estado e do comando da PM. Apesar disso, Silva Filho e Lucca disseram ter percebido desvios de condutas de alguns policiais que precisam ser apuradas. A Corregedoria da PM apura se parte dos seus comandados abusou do poder de polícia ao conter o manifesto. Relatos de truculência e agressão contra pessoas circulam na internet, juntamente com fotos de feridos por balas de borracha atiradas pela Tropa de Choque.
“Sem lideranças é difícil manter um diálogo. Isso coloca policiais que não estão acostumados ao estresse, como a Tropa de Choque, a lidar com manifestantes propensos ao confronto. Diante disso, há o risco de atos isolados de abuso”.
“Tenho que admitir que teve ações isoladas de policiais que foram de desvio de conduta”, disse Lucca, que sugere que a PM reforce o policiamento durante o protesto marcado pelo MPL na próxima segunda-feira (17) na capital. “Espero que a PM tenha aprendido a lição e entre com força máxima nesse dia, colocando policiais à paisana para identificar vândalos e já fazer as prisões. A manifestação é legítima, desde que não afete a vida das outras pessoas.”
Secretário nega erro estratégico
Na sexta-feira (14), o secretário da Segurança Pública, Fernando Grella, foi questionado se houve erro na ação dos comandantes da Polícia Militar na intervenção dos policiais durante o protesto. “A operação era necessária, era complexa, era de riscos, aconteceram esses fatos, mas não temos nenhum fato neste momento que aponte erro estratégico a recomendar qualquer medida em relação aos comandantes da operação”, afirmou.
Segundo o major Marcel Lacerda Sofner, porta-voz da PM, os policiais da Tropa de Choque só atiraram em direção aos manifestantes com intuito de dissipá-los porque foram atacados por eles.
Indagado se atirar contra os manifestantes naquele local, um dos prontos mais movimentos da capital paulista, não colocou a população em risco, o oficial disse que o uso da força observou a determinação para que os tiros fossem disparados apenas para dispersão. Segundo ele, a PM seguiu um protocolo de atuação que levou em conta cinco itens, inclusive a segurança dos policiais.
Em relação à prisão dos manifestantes que portavam vinagre, Grella respondeu que o porte da substância não é proibido. “Não é proibido, não me consta que ninguém tenha sido formalmente preso pelo ato”. Ele ressaltou que quando a PM faz esse tipo de abordagem não se sabe o tipo de produto exato e que os detidos foram liberados na delegacia após prestar esclarecimentos.
G1