Sobe para 10 número de mortos em operação na Maré, no Rio, diz polícia...


26/06/2013 19h13 - Atualizado em 26/06/2013 19h13


Dois não tinham antecedentes criminais, segundo a corporação.
Divisão de Homicídios aguarda perícia para confrontar depoimentos.

Do G1 Rio
Policiais do Bope realizam operação na Favela Nova Holanda, no Complexo da Maré (Foto: Bruno Gonzalez/Extra/Agência O Globo)Policiais do Bope realizam operação na Favela Nova
Holanda, no Complexo da Maré
(Foto: Bruno Gonzalez/Extra/Agência O Globo)
A Polícia Civil do Rio de Janeiro afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que morreu nesta quarta-feira (26) a décima vítima da operação de segunda-feira (24) na comunidade da Nova Holanda, no Complexo da Maré. A vítima foi identificada como José Everton Silva de Oliveira, que estava internado no Hospital Geral de Bonsucesso. Segundo a polícia, ele tinha passagem por porte ilegal de arma de fogo.
No dia seguinte à operação, foi feita uma perícia no local para investigar as circunstâncias das mortes. Inicialmente, foi anunciado que três das vítimas não tinham antecedentes criminais. Agora, o número caiu para dois. Uma delas, tinha apenas 16 anos.
De acordo com laudo do Instituo Médico Legal (IML), todos os corpos tinham marcas de tiros, mas nenhum apresentava ferimentos de facas. As armas dos policiais militares foram apreendidas e encaminhadas à perícia. Um dos agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), identificado como Ednelson Jeronimo dos Santos Silva, também foi morto.
Um inquérito policial militar foi instaurado para averiguar a conduta do Bope, conforme informou o governo do estado do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (26). De acordo com a PM, o prazo do inquérito é de 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 30.
 
O chefe do Comando de Operações Especiais (COE), coronel Hugo Freire, se reuniu nesta quarta com líderes do Complexo da Maré na sede da unidade. O principal tema do encontro foi a atuação do Bope.
Equipes da Corregedoria Interna da PM também participaram da reunião e receberam denúncias detalhadas de moradores.
O Batalhão de Operações Especiais (Bope) já deixou a favela Nova Holanda, mas o policiamento no local é reforçado por PMs do batalhão da Maré.
A Polícia Civil admitiu que três moradores inocentes estão entre os nove mortos na megaoperação realizada por cerca de 400 agentes do Bope, como mostrou o Bom Dia Rio. Inicialmente, havia a informação de que dois moradores tinham sido mortos, além de um policial do Bope e criminosos.
Moradores esperam desculpas
O diretor da ONG Observatório de Favelas, professor Jaílson Silva, disse que moradores do conjunto de Favelas da Maré, no Subúrbio do Rio, esperam que o governador Sérgio Cabral e o secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame se desculpem publicamente e reconheçam o erro que foi a ação da PM na favela entre as noites de segunda-feira (24) e terça (25). A ação resultou na morte de nove pessoas -  entre elas, um policial do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e três moradores - e vários feridos.
Secretário vai apurar excesso
O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que vai apurar se houve excesso do Bope durante a ação no Conjunto da Maré. A afirmação foi feita em entrevista à Rádio CBN nesta quarta-feira. Segundo ele, em caso de conduta irregular, os PMs envolvidos serão expulsos. Mas ele enfatizou que também é preciso investigar quem matou o sargento do Bope no confronto.
Favela Nova Holanda, na Maré (Foto: Editoria de Arte/G1)
Operação
A operação do Bope na Favela Nova Holanda começou na noite da segunda-feira (24) após  um arrastão na Avenida Brasil. Por volta das 14h20, moradores tentavam interditar a Avenida Brasil na altura da comunidade, em protesto à violência da polícia. A PM respondeu com bombas para dispersar o grupo. Outro grupo - ligado a movimentos sociais - começou manifestação com faixa dizendo que "a polícia que reprime no asfalto é a mesma que mata  na favela".
Até o início da tarde de terça, mais de 10 mil papelotes de cocaína tinham sido apreendidos, além de maconha, quatro fuzis, duas submetralhadoras e uma metralhadora. A polícia localizou ainda cinco pistolas, colete à prova de balas, dois carros, cinco motos e uma carcaça de veículo. um dos fuzis, segundo a PM, é de fabricação americana e não é utilizado por nenhuma polícia nem Forças Armadas no Brasil.
G1
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