‘Queria chamar a atenção da Justiça’, diz idoso que atirou em frente ao STF...


Homem de 69 anos atirou 4 vezes para o alto na Praça dos Três Poderes.
Ele será autuado por porte ilegal de arma e disparo em via pública.

Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília

Idoso, de branco, preso por atirar a esmo na Praça dos Três Poderes (Foto: Nathalia Passarinho/G1)Idoso, de branco, foi preso pela Polícia Legislativa por efetuar disparos de arma de fogo na Praça dos Três Poderes (Foto: Nathalia Passarinho/G1)
O homem de 69 anos que foi preso nesta sexta-feira (21) por disparar quatro tiros para cima em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) disse, após prestar depoimento à polícia, que queria “chamar a atenção da Justiça” e que não tinha a intenção de ferir ninguém. Ele será autuado por porte ilegal de arma e disparo de arma de fogo em via pública.
Aparentando estar confuso, Abdias Soares falou com jornalistas enquanto era encaminhado para o carro da Polícia Legislativa. “Queria chamar a atenção da Justiça para ver se a Justiça me ouve. Lá em Santo Antônio do Descoberto eu fui à promotoria quatro vezes e eles nem quiseram fazer boletim de ocorrência na Polícia Civil”, afirmou o idoso, sem especificar o que pretendia relatar ao Judiciário.
O idoso foi preso pela Polícia Legislativa da Câmara quando passava em frente ao Anexo IV da Casa, no momento em que retornava do prédio do STF. O idoso contou que trabalha como caseiro em uma chácara do município goaino de Santo Antônio do Descoberto, no entorno do Distrito Federal.
A arma calibre 38 utilizada por Soares, com capacidade para seis balas, foi apreendida pelos policiais legislativos na mochila do idoso, que não tem passagens pela polícia. De acordo com a assessoria da Câmara, o revolver está registrado em nome de uma empresa de segurança de Pernambuco.
Soares e testemunhas que presenciaram a cena prestaram depoimento por quatro horas na Coordenação de Polícia Judiciária do Departamento de Polícia Legislativa.  Em seguida, o idoso foi levado para fazer exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Brasília.
'Chamar a atenção'
Segundo a assessoria da Câmara, Abdias Soares informou aos policiais que disparou os tiros porque é réu em ações cíveis em Goiás, mas ele não deu detalhes sobre os processos. O idoso disse que teria procurado a Justiça do Estado, mas não conseguiu ser ouvido. Inconformado, relatou aos policiais, decidiu vir a Brasília e disparar em frente ao Supremo para “chamar a atenção”. "Eu atirei para o alto só", afirmou para deixar claro que não pretendia machucar as pessoas que passavam pelo local.
Ao deixar a Polícia Legislativa, ele agradeceu pelo “tratamento” que recebeu dos profissionais. “Eu estou enrolado há quatro anos e a Justiça não estava me ouvindo. Eu agradeço muito essa Polícia Legislativa, que não me tratou como prisioneiro, me tratou como hóspede. Eu estava pressionado há quatro anos.”
A Polícia informou que Abdias Soares não apresentou “sinais de embriaguez” durante o depoimento, mas aparentou ter algum “distúrbio psiquiátrico”.
“Não cabe, porém, ao Departamento de Polícia da Câmara, confirmar tal distúrbio. Um laudo deverá ser pedido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) para verificar a existência de um eventual problema de saúde mental”, informou a assessoria em nota à imprensa.
Ainda conforme os assessores da Câmara, o idoso é natural de Itapemirim, no Espírito Santo. Ele nasceu em 3 de julho de 1944 e não concluiu o ensino fundamental. Soares afirmou que mora em Santo Antonio do Descoberto há cerca de 15 anos, mas não tem familiares na região.
Arma utilizada por homem que atirou na Praça dos Três Poderes, em Brasília (Foto: Nathalia Passarinho/G1)Revólver calibre 38 que foi utilizado por homem que atirou na Praça dos Três Poderes, em Brasília (Foto: Nathalia Passarinho/G1)

Postagem Anterior Próxima Postagem