Assédio via WhatsApp vira caso de polícia

Jovem diz ter sido assediada por atendente de operadora de TV a cabo; empresa a orientou a registrar boletim de ocorrência

A jornalista Ana Prado, 26 anos, parou ontem de responder as mensagens que recebia pelo Facebook e pelo Twitter. A razão: “Eu não estava dando conta”. Não é para menos: um texto publicado pouco antes das 19h atingiu, em menos de um dia, mais de 10 mil curtidas e quase 3 mil compartilhamentos, fora as centenas de comentários de solidariedade (a maioria), críticas (uma minoria bem minoritária) e depoimentos de pessoas que passaram por experiências semelhantes à relatada por ela.

Ana relatou o caso de um assédio que afirmou ter sofrido ontem mesmo de um funcionário identificado como atendente da operadora NET. E isso horas depois de ter recebido uma ligação da empresa com a oferta – recusada – de um novo pacote de serviços de TV a cabo, internet e telefonia. Ela divulgou a imagem da tela da conversa, via WhatsApp, na qual o dono de um número desconhecido elogiava sua voz.

“Agora o cara me adicionou no WhatsApp sem permissão, me mandou estas mensagens, disse que eles têm ‘acesso a todos os dados dos clientes’, se recusou a deletar meu número, tá levando tudo na brincadeira e me desafiou a processá-lo”, relatou Ana em seu perfil no Facebook.

Em entrevista ao Terra , a jornalista afirmou que o caso seria registrado na forma de um boletim de ocorrência em uma unidade de Delegacia da Mulher da capital na noite desta quarta-feira 27 – e por orientação e suporte da própria NET.

“O diretor jurídico da operadora me orientou a registrar esse B.O. em uma delegacia – tem toda uma questão de assédio, mas teve também o uso de dados sigilosos meus para fim pessoal. Inclusive me levarão para registrar (o B.O.)”, afirmou. “Outros diretores deles falaram comigo durante o dia e me disseram que querem transformar esse caso em um exemplo – isso é bom”, avaliou.

Para a jovem, que disse nunca ter passado por situação semelhante com prestadores de serviços, a NET a teria informado ainda que o funcionário que escreveu para ela pelo aplicativo seria de uma empresa terceirizada. Em um dos trechos da conversa, por sinal, o rapaz chegou a ser ameaçado de processo pela jornalista, mas logo debochou e disse que teria “o prazer de ganhar a causa”;

“A diretora de ouvidoria da NET me disse que não chegam essas reclamações até eles; eu mesma conheço gente que passou por isso e acabou só conversando com amigos; não levou adiante. Recomendo às pessoas que não tenham medo de levar adiante – isso é crime. E se o funcionário que fez isso comigo me disse que eu podia processá-lo, que, segundo ele, não aconteceria nada, acho preocupante: não parece ser algo tão isolado assim. Esse deboche, aliás, é uma coisa chocante”, considerou. “Parecia que era uma prática recorrente”, concluiu.

Em nota, a NET informou que “acompanha a apuração do caso” para a adoção de medidas que identifiquem e punam qualquer colaborador ou prestador de serviço que faça uso indevido de informações pessoais, confidenciais e sigilosas dos clientes.


Fonte: Terra
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