Comando da Polícia Militar tenta acordo entre taxistas e receptivos...


Prefeituras vão tentar mediar acordo

Roberto Lucena
repórter

Taxistas, empresários do ramo de turismo receptivo, representantes das prefeituras de Natal e São Gonçalo do Amarante e Polícia Militar participam, hoje, dia 6, de uma reunião na sede da secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesed). No encontro marcado para começar às 15h, os participantes vão tentar chegar a um acordo sobre o transporte de passageiros do Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves.
Magnus NascimentoCom placas indicando alguns destinos, principalmente para a zona Sul, empresas oferecem o serviço de traslado a todos que desembarcam no novo aeroportoCom placas indicando alguns destinos, principalmente para a zona Sul, empresas oferecem o serviço de traslado a todos que desembarcam no novo aeroporto

Desde que foi inaugurado, no último dia 31 de maio, o terminal de passageiros é palco de atritos e ameaças veladas entre taxistas e proprietários de agências de receptivo. Na briga por passageiros, também atuam proprietários de vans que não têm autorização para atuar e agem na ilegalidade. As discussões vão além das dependências físicas do aeroporto e episódios de agressão foram registrados em avenidas de Natal. Pelo menos um caso é alvo de apuração por parte da Polícia Civil.

Empresários e taxistas afirmam que o problema acontece devido à falta de fiscalização por parte do Poder Público. De acordo com o diretor geral do Departamento Municipal de Trânsito de São Gonçalo do Amarante (Demutran), Paulo Roberto Macedo, atualmente, empresas de receptivo que atuam no aeroporto estão autorizadas a fazer o traslado dos passageiros desde que estes efetuem a compra do serviço na cidade de origem.  

“As empresas podem fazer o traslado dos  passageiros que já chegam com o pacote comprado. As empresas que têm box no aeroporto não podem pegar os passageiros avulsos”, explicou Paulo Roberto.

Mas não é assim que funciona. As empresas oferecem o serviço a todos que desembarcam no Aeroporto. O serviço é ofertado de forma direta aos passageiros pelos funcionários dos receptivos que seguram placas anunciando a oferta. São pelo menos cinco empresas instaladas no corredor por onde, obrigatoriamente, o passageiro precisa passar. Uma das empresárias do setor confirmou a oferta do serviço. “A maior parte dos passageiros vem com o serviço contratado, mas também oferecemos aos demais. Não há problema nisso. Somos legalizados. Atuamos há vários anos com essa atividade. Temos todas as licenças exigidas”, explicou Raquel Rodrigues.

Há outra questão no imbróglio instalado em um dos setores mais importantes do turismo potiguar: a presença de vans não licenciadas pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Rio Grande do Norte (DER-RN). Taxistas e empresários denunciam a atuação que é confirmada pelo Demutran. “Acontece isso, mas nós estamos com equipes fazendo fiscalização contínua no aeroporto para evitar esse problema”, disse Paulo Roberto. 

A presença de vans ilegais acaba bagunçando o sistema e os taxistas, segundo empresários, agem com violência. “Eles atacam qualquer um. É um absurdo o que está acontecendo”, disse Raquel. Um dos veículos da empresário foi abordado por um grupo de três taxistas quando se deslocava para o aeroporto. “Havia passageiro no carro e eles ameaçaram o grupo. Um deles chegou a dizer que o problema seria resolvido com fósforo e gasolina”, relatou. A empresária denunciou o caso que está sob investigação da Polícia Civil. “Vou à Justiça para garantir meus direitos”, contou. 

O presidente da Cooperativa dos Proprietários de Taxi de Natal (Cooptax), Genário Torres, afirmou que está temoroso com a situação e culpa a falta de controle por parte da secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob). “O pessoal está fazendo justiça com as próprias mãos. Estão agindo no lugar do Poder Público. Só tem problema por causa disso”, contou. A Cooptax reúne aproximadamente 800 taxistas.

Já os taxistas que atuam no ASGA afirmam que são prejudicados pela ação das empresas de receptivo, mas aguardam uma definição quanto a proibição do serviço. “Estamos trabalhando normalmente e acompanhando o caso. Se não tivesse as vans, seria melhor para a gente, mas quem decide isso não somos nós”, disse o taxista Fábio Lourenço. As empresas de receptivo cobram R$ 35,00 para fazer o trecho aeroporto-Ponta Negra. O sentido contrário é o mesmo valor. De taxi, a viagem não sai por menos de R$ 100,00.

Segurança
O comandante da Polícia Militar do Rio Grande do Norte (PM-RN), coronel Francisco Araújo, afirmou que aguarda a liberação da Inframérica para ocupar o box destinado à PM/RN no Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves. O espaço está aparentemente pronto, mas, segundo Aráujo, faltam alguns detalhes. “A Inframérica vai equipar o espaço com geladeira, cama e outros objetos”, disse. No local, uma equipe de policiais militares vai trabalhar em regime de plantão. Não há definição sobre o efetivo que será enviado para o local. “Isso vai depender dos horários dos voos e fluxo de passageiros”, contou o comandante. Ainda segundo Araújo, até o momento, não foi registrada nem uma ocorrência policial no aeroporto. “Está tranquilo. O aeroporto tem segurança privada”. 

Há preocupação com as pessoas que vão ao aeroporto e ficam esperando a chegada do voo do lado de fora do estacionamento. Para economizar e não pagar o valor cobrado pela administração do Aeroporto (R$ 8,00 a hora), alguns motoristas estacionam antes dos guichês de cobrança. A presença dos motoristas pode atrair atenção dos bandidos.

Personagens do conflito
Opinião de donos de agências de turismo, proprietários de vans e taxistas sobre a briga por passageiros 

“Atuo no mercado há mais de 20 anos. No Augusto Severo, foram 8 anos sem esses problemas. Taxistas e empresários eram parceiros. Aqui em São Gonçalo, está acontecendo esses problemas. Estão nos acusando de sermos ilegais. Isso não existe. Temos todas as licenças exigidas por lei. Temos autorização do Ministério do Turismo. Algo precisa ser feito para acabar com essa situação. O turismo do RN está perdendo”.
Raquel Rodrigues, empresária
“Os taxistas cooperados do aeroporto não têm nada a ver com essa briga que estão fazendo. Estamos aqui trabalhando normalmente. É claro que se não existissem as vans, seria melhor. Tem dia que fazemos apenas uma corrida. As vans cobram apenas R$ 35,00 e o táxi não sai por menos de R$ 100,00. A concorrência é injusta e o nosso serviço é melhor”.
Fábio Lourenço, taxista no Asga

“Há esses problemas porque o Poder Público não está atuando. Os taxistas estão fazendo justiça com as próprias mãos. Estão fazendo algo que deveria ser feito pela Prefeitura. Mas essa guerra no setor de transporte público não começou agora. Por falta de fiscalização, muitas empresas intermunicipais fecharam as portas”.
Genário Torres, presidente da Cooptax-Natal
Tribuna do Norte
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