Falso juiz preso faturava mais de R$ 30 mil por mês com golpes, diz polícia

Homem de 43 anos foi preso pela Polícia Civil gaúcha em Santa Catarina. 
Com o dinheiro que arrecadava, pagava aluguel e pensão à filha na Europa.

A polícia descobriu que o golpista fazia cerca de 700 ligações telefônicas por dia

Preso em Santa Catarina pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, o estelionatário que se passava por juiz federal faturava mais de R$ 30 mil por mês com os golpes que aplicava em vários estados do país. As vítimas eram pessoas que vendiam imóveis ou carros de luxo, que eram atraídas para negócios supostamente vantajosos e acabavam entregando dinheiro ao golpista.
De acordo com o delegado Juliano Ferreira, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o dinheiro acumulado pelo suspeito dos golpes proporcionava o pagamento do aluguel de uma cobertura na Vila Mariana, nas proximidades do Parque Ibirapuera em São Paulo, no valor de R$ 12 mil. Além disso, ele ainda pagava uma pensão de 2 mil euros, cerca de R$ 7 mil, para uma filha que mora na Europa.
Falso juiz aplica golpe em cafeteria de Porto Alegre (Foto: Reprodução/RBS TV)Falso juiz aplica golpe em uma vítima dentro de
cafeteria da capital (Foto: Reprodução/RBS TV)
João Marcelo Pereira Debortoli, de 43 anos, tem antecedentes por golpes em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná e Bahia. Há dois anos, chegou a ser preso em Maceió, Alagoas.
“Sempre bem arrumado, muito educado, com nível social alto, fala de tudo, muito tranquilo e convence. Os argumentos dele convencem. Eu digo que é o perfil típico do estelionatário”, diz Ferreira.
O golpe é simples. O estelionatário procurava carros e imóveis de luxo em anúncios de jornais. Depois, combinava um encontro com os proprietários. Durante a conversa, se apresentava como juiz e comentava sobre outros negócios.
“[Ele] fala que tem possibilidades de compra de imóveis penhorados, sob julgamento dele. Um imóvel que vale R$ 1 milhão, ele diz que com R$ 10 mil é possível comprar o imóvel mais à frente”, explica o delegado. 
Caso a vítima demonstrasse interesse, ele se oferecia para intermediar o negócio. Dizia que o investimento era de 5% ou 10% do valor. Depois de pegar o dinheiro das vítimas, ele desaparecia.  

A polícia descobriu que o golpista fazia cerca de 700 ligações telefônicas por dia. Escutas telefônicas revelaram como ele atraia as vítimas e as convencia a fazer um falso negócio. 
Golpista: “Foi com você que eu falei ontem sobre o carro?”
Vítima: "Depende. Que carro?"
Golpista: "Um Porsche."
Vítima: "Isso."
Em outra gravação telefônica, o estelionatário se mostra interessado em comprar um imóvel. E na primeira oportunidade, se apresenta como juiz em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Golpista: "É sobre a casa que eu fui ver hoje."
Vítima: "Aham."
Golpista: "O valor que estão pedindo, que o senhor quer é 900 mil reais, né?"
Vítima: "Isso."
Vítima: "Quando o senhor quer vir?"
Golpista: "Pode ser amanhã. Eu trabalho em Canoas, todo o dia eu estou em Canoas. Eu sou juiz daí, da Terceira Vara Federal de Canoas."
A polícia também interceptou outra conversa na qual o estelionatário disse ser juiz, mas desta vez em São Leopoldo, no Vale do Sinos. Ele se apresenta como João Amorim e marca a visita de um imóvel, na tentativa de aplicar mais um golpe.
Nem a própria namorada escapava do falso juiz. Ele depositou um cheque sem fundos de R$ 39 milhões na própria conta e mostrou o extrato para a mulher, dizendo que era dinheiro de uma venda de terras no Sul. E a namorada já sonhava com o carro novo:
Namorada: “Ele é conversível, Marcelo? Ou é teto solar?”.
Golpista: “Conversível”.
O falso juiz foi preso pela Polícia Civil gaúcha em Santa Catarina logo após iniciar um novo golpe. Ele pretendia comprar um carro. “Nós estávamos indo a ‘Floripa’ efetuar a prisão, quando ele marcou um encontro num shopping para verificar um veículo de alto valor. Tão logo ele fez a verificação, foi preso”, comentou o delegado Juliano.
O estelionatário morava em uma cobertura em São Paulo e vai responder pela sétima vez por estelionato. A pena é de um a 10 anos de prisão. “Tem que desconfiar. Isso de entregar o dinheiro e esperar que venha algo depois sem nenhuma confirmação, isso não existe”, recomenda o delegado.

Fonte: G1

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